PHOENIX


Sobrevivente de um campo de concentração nazista, Nelly Lenz ficou desfigurada enquanto esteve presa. Irreconhecível após uma cirurgia de reconstrução, vaga pela Berlim em ruínas a procurar de Johnny, seu marido. Encontra-o trabalhando na boate Phoenix, que permanece em atividade após o término da Segunda Guerra Mundial, mas o esposo não a reconhece. De olho na herança da esposa, Johnny a chama para participar de um golpe de transformá-la em Nelly. Logo, ela de depara com a verdade de que o marido esteve envolvido em sua prisão.

Sem identidade, rosto destruído, o amor perdido e um enorme vazio de significados, Nelly deseja se reencontrar no passado e, inclusive, através das lembranças do marido. O filme mostra o pós-guerra de como os sobreviventes ficaram perdidos por terem seus bens materiais e os entes queridos tirados à força só porque eram de uma cultura ou religião diferente. Não tinham cometido crime algum, não fizeram por merecer. Logo, evidencia-se como a vida é absurda e neste turbilhão a protagonista como outras vítimas tentam resgatar a memória nos destroços da cidade. Entretanto, o mundo que viviam não existe mais. Precisam construir o presente e pensar no futuro. Mas como? Se os mortos sempre assombram as lembranças e os sonhos, pois muitos não conseguiram se despedir e nem tiveram a oportunidade passar pelo luto tranquilamente. 

Nelly não consegue seguir em frente, precisa passar a limpo seu passado e relacionamento com o marido. Neste processo dolorido, ela consegue renascer das cinzas e pelo menos perceber que o sol ainda lhe brilha.

 *** 

Baseado no romance "Le Retour des Cendres", de Hubert Monteilhet

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